Desde o dia em que divulguei a informação de que eu estava esperando um bebê, quase que automaticamente tudo que eu falava ou qualquer tarefa que eu executava era associado ao meu filho ou a minha gestação, até aà tudo normal, é de se esperar...
Mas com toda certeza o que mais eu ouvia era "se o seu leite for fraco vai ter que dar NAN e isso custa muito dinheiro", "Você não vai dormir nunca mais", "Cuidado pra não engravidar de novo", "Mãe de primeira viagem é assim mesmo, não sabe de nada", "Escuta meu conselho, tive 15 filhos e nenhum morreu fazendo isso!", "Você nunca poderá se separar porque você tem um filho dele".................... ¬¬
No inÃcio eu comecei a achar que eu um tanto rabugenta, porque eu não concordava com alguns conselhos. Bom, eu sou mesmo rabugenta, minha avó tinha razão, mas o que ela não sabe é que os tempos são outros, que muito do que ela sabe não se aplica mais.
Há tempos a relação mãe/pai e filhos vem sendo alterada. Em teoria, antigamente o pai saÃa para trabalhar, para garantir o sustento da famÃlia, enquanto a mãe ficava em casa cuidando do lar e da educação dos filhos. Na prática, 40% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres e mais de 20 milhões de mães solteiras que educam e sustentam seus filhos. Eu mesma, fui criada pela minha avó até chegar a maior idade. (Mas na cabeça dela eu tive uma famÃlia tradicional, what?)
Mas o que isso tem haver com o assunto?(Miga sua locaaaaa..)
O que minha avó e muitas mães não sabem é que Uma Mãe de Primeira Viagem tem acesso a muita informação de qualidade para "aprender" a cuidar de um Recém nascido.
Que o Pai não é AJUDANTE da mãe, ele é PAI. Sem essa de "ele até troca fraldas" Até? não faz mais que seu papel uai!
Que uma Mãe de Primeira Viagem pode sim se separar do pai de seu filho quando achar que deve, ninguém é obrigado a enfrentar um relacionamento falido por causa dos filhos.
Que uma mãe Mãe de Primeira Viagem pode sim ter uma babá ou pagar uma creche e isso não é feio e nem a torna uma péssima mãe.
Que uma Mãe de Primeira Viagem pode voltar a trabalhar fora depois da licença-maternidade, porque ser dona de casa nunca foi sinônimo de mãe perfeita, é apenas uma alternativa.
Que uma Mãe de Primeira Viagem sabe que o NAN nem é tão caro assim, que Não existe Leite Materno Fraco e que Fraldas nunca foram motivo de "quebra financeira".
Que uma Mãe de Primeira Viagem sabe que ter filho nova não tem nada demais, afinal minha bisavó casou com 13 anos né?! O que faz de alguém irresponsável não é a idade, mas as atitudes que tomamos.
Que ter o primeiro filho com 38 anos também não tem nada demais, é só mais uma alternativa de ser feliz.
Que Adotar o primeiro filho, não significa uma derrota feminina ou egoÃsmo, é uma decisão que exige generosidade e transcende os achÃsmos alheios. É amor que transborda!
Que ser Mãe de Primeira Viagem não significa que habitamos nas trevas da ignorância, nem que escolhemos as "frescuras" da vida moderna.
Que ser Mãe de Primeira Viagem é mais do que saber trocar uma fralda, é saber que Suco de caixinha não é suco, que Mucilon não é saudável, que biscoito recheado não é lanche de escola e que salsicha não é comida.
Que não existe o papel de homem e o papel de mulher, mas que a educação dos filhos depende de um conjunto.
Que Casamento não significa sexo sem consentimento, trabalho escravo e culpar a mãe por tudo que a criança faz de errado.
Que escola não é tudo igual.
Que creche não mata seu filho, o que mata é a falta de informação.
Que nem toda criança gosta ou precisa de video game.
Que hoje existe uma alternativa pra quase tudo. Não desmerecendo o Saber popular e nem a experiencia dos avós, mas hoje a Mãe de Primeira Viagem tem consciência de que não é obrigada a nada e que os avós podem curtir mais seus netos, sem se sobrecarregar na criação de "quase filhos".
Essa mudança é boa? O fato por si só, não sei. Porém, com certeza, da forma como tem acontecido, sobrecarregou algumas mulheres, acumulando tarefas (trabalho, casa, filhos, aparência...). O que sei é que muitos dizem que é assim, que é normal, que é a modernidade.
Precisamos entender que modernidade não é o novo. Moderno significa atual, dos nossos dias (que pode vir de tempos atrás). Sendo assim, podemos escolher se seguimos um padrão ou se criamos outro. Moderno é o que fazemos, que é verdadeiro, bom e bonito. A educação que temos dado não é tão boa. E por falar em educação, vejo muitos pais, em nome da modernidade, delegar a sua parte da educação para os professores. E o pior, tratam o professor como tal só quando interessa.
A mãe moderna não é a que trabalha (independe disso), mas aquela que, trabalhando ou não, sabe que o futuro daquele ser humano será diretamente afetado pelo tipo de "criação" que terá enquanto criança. Existem mães que trabalham que são modernas (existem as que não). Existem mães que não trabalham e são antiquadas (e existem as que não).
Em nome dos dias futuros, parabenizo as mães modernas, de Primeira Viagem, Solteiras, Casadas, Chefes de famÃlia ou não que cuidam da educação das crianças, do caminho dos adultos, pois perpetuar a espécie não é pôr filhos no mundo, mas criá-los e alertá-los para dar condições de manter o nosso planeta sustentável.
M/M
Dados: EstatÃsticas IBGE 2015